quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Claustrofóbica, nunca fui. Por outro lado, nunca me sentí tão pouco livre, nem mais acuada por quatro paredes. Por todas as paredes. Um labirinto de proporções faraônicas, tão alto que não se consiga distinguir o que é firmamento ou ainda muro. Tão denso que não reste um fiapo de luz que aponte uma direção. E essa vida? É sempre assim? Tem mesmo que ser assim? No marasmo, aquela falta de cor, de cheiro, de som, que dá preguiça só de pensar. No cotidiano em que os ponteiros do relogio correm mais que vento em dia de tempestade, cada trago de oxigênio traz uma nova informação e não resta nem mesmo o prazer da fumaça que acalma. Hoje, de tão distraída, me queimei com a ponta de um cigarro. Pensando na morte da bezerra, diria minha mãe. Pensando muito além, diria eu.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A gente tem que se apaixonar todos os dias. Um após o outro, é bem verdade. Pelas cores, pelos sons, pelos cheiros, pelas pessoas, situações, momentos e lugares. As vezes tudo de uma vez (o que torna mais difícil enxergar a paixão que vem no dia seguinte).
Sabe quando se quer congelar o dia e hora?
Eu nunca ví um lugar tão colorido quanto aquele...
As casas na beira da estrada eram de pedaços de pau telhados de palha, mas os varais, das cores mais vivas que possam existir na Terra!
Os tambores daquele lugar, como trovão nos ouvidos, na cabeça, e no peito, como que anunciando uma chuva que nunca chega, a não ser na lágrima que escorre.
O cheiro de mar, a mesa de garrafas e peças de dominó. Olhos negros e sorriso alvo como que num quadro preso na retina, fixo, imóvel, e no fundo uma melodia familiar que diz alguma coisa sobre fumar o cigarro da saudade...
Sei lá se as informações astrológicas procedem, mas se a gente tem mesmo que se apaixonar todos os dias, bem que podia ser hoje pra sempre.