domingo, 20 de setembro de 2009

- Não sei se você viu, mas no meu quarto tinha uma taça de vinho vazia, que eu guardava de um dia especial. Um dia com amigos, de muita bebedeira. Um dia que roubei a taça de um bar chique, na barra, vim trazendo na mão até em casa, cheia de vinho. Tomei o ultimo gole na padaria, enchí de café, e fui pra casa tomando. Guardei. Guardei também a garrafa, daquele nosso último encontro. Jazia lá do lado da taça, e um amigo, dia desses, me perguntou o porque das duas. Eu disse apenas que eram especiais. Ele disse que deviam mesmo ser, pra guardar assim, vazia... Virou pro lado e dormiu. Joguei a garrafa fora no dia seguinte. A taça -e a vida- continuam. Da garrafa, bem como o amor (ou o que se aproximava dele), me desfiz.

-Nossa! Que trágico!

- Pois é, eu também achei.

- "É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar"

-Exatamente. De ar, de vento, de tudo que se esvai. Bem como as lembranças. "Disso, é sempre bom esquecer".