Há dois anos atrás, eu não sabia nada de mim. Em consonância com a luta coletiva, veio a luta individual. E consequentemente com a vitória coletiva, também a individual. Porque 1º de fevereiro trouxe às páginas da minha história, a própria HISTóRIA, com seus personagens fabulosos, contos desconcertantes, cacos e fragmentos de outras lendas -algumas muito mais reais que meu próprio cotidiano-.
Com aquele portão azul ao chão, rompeu-se um ciclo de injustiça e desilusão. O pátio cheio de carros -todos intactos, antes e depois- apequenavam o espaço que outrora foi nosso, só nosso, de todo nosso povo. O chão de cascalhos e pedras, levantava uma poeira que fazia ir -'me fazia vir'- às lágrimas por saber que nossa batalha e nosso sangue, libertavam. Brava gente! Do alto do telhado, dava pra avistar a emoção de uma valorosa companheira que colocara todo seu empenho naquele momento. Cabelos vermelhos, camisa azul... Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil!
1º de fevereiro não foi só uma folha no calendário. Foi o resgate da honra de tantos que deram a vida, de inúmeras formas, por aquilo que somos hoje. Recuperamos nossa casa, nossa dignidade, o espaço da onde surgirão outros camaradas que certamente darão também a vida, de tantas outras formas, pelos que virão.
E começou a construção. Da coletividade, de uma família que em poucos minutos se encontrou no olhar. A família Mudança. Pinta muro, varre o chão... Compra queijo pras gurias vegetarianas! E não há quem hoje, ouse me dizer, que outro mundo não é possível.
Continuo sem saber quem sou. Mas sei quem tenho. Nessa jornada dos últimos dois anos, muito vivi, não assisti. Sei porque sou. Porque causa eu luto. Sei que morando a dois quarteirões da praia do Flamengo - nº 132, ou do ponto mais distante do Brasil, é só esticar os braços e chamar pelos meus: tenho um lar.
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