quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Por um Brasil que valha a pena.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Nessa última semana, não dá pra vacilar... =]
http://www.youtube.com/watch?v=mGwmied2DYg
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Sobre Aristóteles
Teoria Aristotélica da Beleza
A Beleza como harmonia e proporção.
Diferente de Platão, Aristóteles abandona inteiramente o idealismo para descrever a Beleza, e outros campos. Segundo ele, a beleza de um objeto não depende de uma participação na Beleza Suprema, mas decorre apenas de certa harmonia, ou ordenação, existente entre as partes desse objeto em si e em relação ao todo. Achava ainda que uma característica exigida pela beleza era uma certa imponência, uma grandeza que obedeça a certas condições.
Em meio a seus textos, nota-se uma indecisão entre o uso dos termos ‘Belo’ e ‘Beleza’. Isso porque o Belo indicava o Belo clássico, e a beleza descrita por Aristóteles abraçava muitas outras coisas além do dito Belo. De acordo com esses mesmos textos, as características essenciais da beleza seriam a ordem, ou harmonia, assim como a grandeza. Ainda sobre essa grandeza, é válido dizer que esta obedece “a certas condições”, que se estabelece uma preocupação com medida e proporção. Essa referência a harmonia das partes de um todo, unidade e totalidade, resultou no que se conhece por fórmula dos aristotélicos: “A beleza consiste em unidade e variedade”.
Para se entender o conceito aristotélico da beleza, é necessário imergir também na sua visão de mundo. Para Aristóteles, o mundo, vindo do caos, passou a ser regido por uma harmonia. Mas é como se ainda houvesse vestígios da desordem anterior, dando a impressão que os homens estão numa luta constante para banir o caos do novo mundo harmônico.
O conflito entre a harmonia e a desordem.
Ao menos implicitamente, Aristóteles admitia a desordem e a feiúra como elementos aptos a estimular a criação da Beleza, através da arte. E foram essas as grandes contribuições do filósofo para o campo da estética: a admissão da feiúra como parte do campo -através de seus escritos sobre a Comédia- e o afastamento a beleza da esfera ideal que colocara Platão.
Dessa forma, o feio, a desarmonia, expressos na Poética Aristotélica, compõe o que o escritor Bernard Bosanquet denomina ‘paradoxo implícito’, sugerindo que Aristóteles talvez tenha deixado passar despercebida essa adoção da desordem ao campo estético.
Aspecto subjetivo da Beleza.
O fundamento da filosofia aristotélica, mesmo se realista, encontra na Retórica características de contemplação sublime, tomando para si intuições do espírito humano que apontam para o luminoso e o puro conhecimento. Aristóteles observa a Beleza partindo do ponto de vista do sujeito, sob ângulo psicológico.
Sobre a essência da Beleza, a maior contribuição do pensador foi garantir uma definição objetiva dela do ponto de vista realista e sem recorrer a outra coisa para explicá-la que não o próprio objeto. Sendo assim, entende que o verdadeiro realismo não esquece a natureza transcendental da Beleza e o caráter inesgotável e profundo do real. O fato é que ele procurou encarar a beleza em todas as suas relações simultaneamente. Enquanto Platão e os platônicos buscavam a Beleza das coisas na Beleza essencial, Aristóteles plantou os pés na terra, e simplesmente olhou para as coisas.
*Este texto foi construído na proposta de ser uma síntese do capítulo III da obra de Ariano Suassuna, Introdução à Estética.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Sobre Platão.
Teoria Platônica da Beleza
O Mundo das idéias puras.
Estudar a beleza significa, já de antemão, se perguntar se ela pode ou não ser abordada filosoficamente. Significa tanger todos os problemas da Estética.
A partir dos primórdios do pensamento ocidental, contamos com a contribuição de Platão, que dentro de sua visão idealista do mundo e do homem, acredita que a beleza de um ser material qualquer depende da maior ou menor comunicação que esta exerce com a Beleza Absoluta, que reside no Mundo das Idéias.
Logo, para entender a concepção de beleza platônica, é necessário antes ilustrar a visão de mundo que esse pensador construiu. Para Platão, existia o mundo em ruína, e o mundo em forma. O primeiro é o mundo que conhecemos: o da feiúra, da morte, da ruína, da decadência. O segundo é o mundo autêntico, no qual o nosso tenta, inutilmente, se espelhar, buscando sentido e significação. No mundo em forma, a Verdade, o Bem e a Beleza são essências superiores, e cada ser do nosso mundo em ruína tem no outro um modelo, perfeito.
A Reminiscência.
Sendo assim, a Alma, não pertence ao mundo das ruínas. Sua pátria natural é o mundo das essências, e exilada no nosso mundo, sente sempre saudades do outro. Sendo eterna, ao unir-se ao corpo humano, físico, sofre uma espécie de decadência, e tendo já contemplado a Beleza, a Verdade e o Bem Absolutos, vive uma eterna punição por não conseguir nesse plano, se aproximar deles novamente. A alma humana sabe de tudo, e vez em quando se recorda do mundo das idéias. Quando não, é porque a matéria, grosseira, não permite que ela se recorde.
“O Banquete” e o “Fredo”.
Nesses dois diálogos platônicos, especialmente no primeiro, o filósofo concentra a síntese da sua explicação sobre a Beleza. Nessa passagem, Platão afirma que os seres humanos eram, a princípio, andróginos. Coexistiam, em cada ser, o feminino e o masculino. Através do mito da parelha alada, indica que esse ser andrógino foi dividido em duas metades, começando assim, cada metade, uma busca incansável pela sua parelha, seu par. Acontece que somente os indivíduos mais grosseiros contentam-se com a essa forma primária de amor, o amor físico. O homem superior percebe que a beleza de um corpo é apenas um reflexo embaçado da Beleza Absoluta, e chega à conclusão de que a beleza dos corpos é na verdade uma só. Dessa forma, passa a reconhecer a beleza de todos os corpos, ou melhor, a beleza existente neles, contemplada desinteressadamente.
O caminho místico.
Posteriormente, o indivíduo superior percebe que a beleza da alma é ainda superior a beleza do corpo, sendo esta última sujeita a ruína e decadência, enquanto a primeira resiste. Dessa forma, contemplará a beleza dos costumes e das leis morais, considerando a beleza física pouco digna de apreço.
A Beleza Absoluta.
Nesse estágio indivíduo torna-se prisioneiro voluntário do “imenso oceano da beleza”. Partindo dessa idéia de evolução, o homem estará apto a alcançar numa última fase, a visão da Beleza de natureza maravilhosa, aquela que é eterna, imutável e incomparável. Conhecerá uma beleza que não se apresenta em nenhuma forma corpórea, ou semiótica, ou científica. Será uma Beleza que começa e termina em si mesma, é auto-suficiente. Sendo assim, pelo caminho do amor –primeiro físico, depois espiritual-, o homem conhece a beleza sensível e absoluta, sendo a beleza que conhecemos no mundo das ruínas, apenas um pálio reflexo da Beleza Absoluta.
Existe ainda uma identificação final entre Beleza, Bem e Verdade. Platão atribuía caráter de conhecimento à fruição da Beleza, identificada como Verdade. As duas juntas, são identificadas como Bem. Essa tese está bem explicitada no texto “Fredo”, onde se afirma: “Quanto à Beleza, já te disse, ela brilhava entre todas aquelas Idéias Puras e, na nossa estada na terra, ela ainda ofusca com seu brilho todas as outras coisas (...). Somente a Beleza tem esta ventura de ser a coisa mais perceptível e enlevadora.”
A Reminiscência e o “Menon”.
Não há dúvidas de que para Platão, a Beleza provocava enlevo, prazer, arrebatamento, deleitação. Uma frase que exemplificaria muito bem essa teoria é a de que “a sabedoria é amada por sua beleza, enquanto que a beleza é armada por si mesma”. A Beleza move o desejo e produz o amor, enquanto que a Verdade, como tal, faz somente iluminar.
Enfim, a contemplação da Beleza era, em essência, uma recordação. A alma lembra, ainda que dificultosamente, realidades que contemplou no mundo das Idéias, e nisto consiste a teoria da reminiscência. Segundo ele, a Alma é imortal, conhece tudo, da sublimação ao Hades. Conhece tudo, e por vezes evoca a memória certas coisas que precederam sua união a um corpo material. O espírito já viu todas as coisas.
*Este texto foi construído na proposta de ser uma síntese do capítulo II da obra de Ariano Suassuna, Introdução à Estética.
Eu uso óculos!
De séculos anteriores até os nossos dias, os óculos se tornaram essenciais ao cotidiano humano. À priori usados como efeito decorativo, na China, aproximadamente no ano 500 a.C., e posteriormente na Idade Média como corretivo visual, no século XXI casam-se as duas finalidades e estão em voga como objeto de desejo da sociedade através do apelo fashion.
Destacam-se as funções das lentes rompendo o tempo: monóculos que adotados por avaliadores de jóias e ourives certificavam a legitimidade das pedras, binóculos de longo alcance, e óculos de uso absolutamente corretivo, marcaram por muito tempo sua história. Se antes pertenciam a pessoas de mais idade, mais tarde passaram a ser incorporados por uma parcela mais jovem da população.
Tratando do período contemporâneo, ousamos dizer que não havia uma grande preocupação estética com a peça. Até bem pouco tempo atrás, eram até mesmo motivo de embaraço, atribuindo uma má impressão a seus usuários. Motivou nos anos 80 uma música dos Paralamas do Sucesso que frisava de maneira bem-humorada o preconceito que sofriam os míopes.
Isso mudou. Com a popularização das lentes escuras, os óculos cativaram pouco a pouco seu espaço no coração dos fashionistas. Armações de materiais diversificados, tecnológicos e nada discretos ocupam as ruas, não importando mais se escuros, claros, ou falsos. Sofrendo o processo inverso, hoje a moda sugere os óculos, em vez de escondê-los.
Pontapé Inicial: Introdução à Estética.
A palavra ‘Estética’ suscita entendimentos bastante variados nas pessoas. No que diz respeito ao senso comum, por exemplo, remete imediatamente a tratamentos de beleza de uma forma geral. Existe ainda o conceito empregado no ramo das artes, que se refere a um determinado estilo, ou o menos difundido conceito filosófico, que se ocupa de estudar racionalmente o belo. Ou seja, todos os conceitos convergem nesse ponto: a noção de beleza. Etimologicamente, a palavra estética se origina do grego aisthesis, que significa “faculdade de sentir”, e está intimamente ligada a percepção, e a reação que as coisas provocam.
Ainda ligado a percepção e noção de beleza, existe a questão da objetividade x a subjetividade, se o belo está relacionado a ‘gosto pessoal’ ou se pode ser classificado racionalmente. Segundo Platão, reconhecer o caráter sensível do belo não significa negar sua essência ideal, admitindo a idéia do ‘belo em si’. O Classicismo, por sua vez, funda a estética normativa, e estabelece regras que determinam se o objeto percebido é agradável ou não aos olhos de qualquer observador, não de um sujeito específico e individual. Os empiristas, como David Hume, discordam dessa tese, e relativizam a beleza à subjetividade do indivíduo.
Num outro patamar, Kant tenta superar essa dualidade afirmando que o belo é aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo racionalmente. Dessa forma, aponta o conceito através da busca do prazer, cuja causa reside no sujeito. Atribui a esse sujeito o julgamento necessário para definir um objeto, excluindo a possibilidade de regras que possam produzir o conceito de beleza. Concluindo a gama de pensadores citados ao longo do tempo, Hegel agrega ainda uma veia relacionada a História, que muda a face da beleza propriamente dita, e se reflete enfaticamente na arte.
Se faz necessário ainda focar o que diz respeito à atitude estética que propicia a experiência estética diante de uma obra de arte. Essa experiência que se dá de forma gratuita, desinteressada, e que não visa um interesse prático imediato. Não pode ser intitulada como inutilidade, visto que responde uma necessidade humana e social, não visa conhecimento lógico, mas sensitivo, não pode sofrer juízo que aponte determinada finalidade. Se trata de uma experiência dual, que compreende o objeto observado e o sujeito que a percebe.
O olhar estético deve ser então puro, desprendido de normas externas. Um olhar que acolha a obra de arte e resignifique aquele objeto dentro de um universo particular, à fim de que o mesmo se constitua de maneira livre, e inquestionavelmente verdadeira.
Mudando de assunto... (?)
Se não são, as duas coisas, amor puro e sincero pela Beleza, não sei mais. Se não leva à sabedoria e contemplação, ao amor, sei ainda menos.
Vou, por hora, me aventurar a desvendar a estética, a arte do Belo, do cômico, do feio, do surpreendente, do emocionante! Mas ora... Isso não é falar de amor?!